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sábado, 14 de abril de 2012
Sinopse:
Maxwell Sim bateu no fundo. A sua vida pessoal é um vazio. Ele tem 70 amigos no Facebook mas ninguém com quem falar. Mas tudo muda graças a uma disparatada proposta de trabalho: conduzir um carro carregado de escovas de dentes de Londres até às remotas ilhas Shetland. Um percurso longo que Maxwell decide preencher com uma série de visitas surpreendentes a figuras do seu passado. Acompanhado por "Emma", a voz feminina do seu GPS, com quem estabelece uma peculiar relação, ele não imagina que está a iniciar uma viagem íntima que o mudará para sempre.

Como é que alguém, que não se conhecendo a si próprio, reflecte sobre o homem e o mundo?
Como reagiria esse alguém à sociedade, à evolução e à tecnologia?
E o que se poderia esperar desse alguém se, simplesmente, tivesse desaprendido a capacidade inata do homem de comunicar?

A Vida Privada de Maxwell Sim é, como o título indica, um retracto muito íntimo de um homem extramente peculiar que não se enquadra no espelho social em que estamos inseridos nos dias de hoje. Reflectindo sobre diversos aspectos banais, mas que aos olhos de Max são perturbadores, o leitor embarca com facilidade numa viagem com um fim desastroso à vista, repleta de altos e baixos, que lhe oferecerá uma nova perspectiva sobre o mundo que o rodeia.
Jonathan Coe é dotado de uma escrita com uma voz muito própria que nem sempre flui naturalmente mas que, ainda assim, nos inquieta e nos prende à sua narrativa. A sua imaginação é evidente e a eloquência como nos conduz ao longo do seu texto estranha-se de início mas, no entanto, logo que familiarizados com o seu enredo, esta torna-se uma viagem assombrosa.

Admito que Jonathan Coe fazia parte dos inúmeros autores que ambicionava experimentar e digo-vos, com toda a sinceridade, que apesar de não me identificar com alguns dos temas abordados, muitos foram os momentos em que me surpreendi e pasmei perante o seu protagonista, o enigmático Maxwell Sim.
Provocando uma mescla de sentimentos ambíguos começo por definir Max como, literalmente, a alma do nosso livro. Após o final de uma relação desprovida de emoções Max começa uma jornada sobre tudo aquilo que faz parte de um indivíduo, de uma maneira muito próxima da obsessão, numa tentativa de colmatar a solidão que domina os seus dias. A verdade é que Max sente a falta de seres humanos, de contacto, e nem sempre sabe abordar aqueles que o rodeiam sobrevalorizando as poucas possibilidades de forma sôfrega, aumentando assim a sua incapacidade, mesmo nas situações mais excêntricas possíveis.
Ele acaba por ser compulsivo, quase insano, na forma como encara as relações entre os seus pares terminando por ser o ponto alto da narrativa o momento em que embarca por uma viagem rumo ao desconhecido lhe abrirá, de forma inesperada, a porta para o seu passado social descobrindo as falhas da sua vida em diversos encontros e reencontros.

A história do nosso protagonista encontra-se dividida em cinco partes distintas, umas melhores que outras, mas todas reveladoras. O leitor, em conjunto com a personagem, vai recolhendo peças que só no final fazem sentido no entanto, mais do que sobre Maxwell Sim, este é um livro sobre temas profundos de beleza simples na mesma medida em que expõe a pequenez humana.

São notáveis as causas que o autor se esforçou para compilar e transmitir, bem como as duras críticas que depressa se fazem notar a questões tão proeminentes como a política ou ambiente. De qualquer forma é evidente, acima de qualquer outra explicação ou julgamento, que o tópico mais explorado acaba por ser o método comunicativo tecnológico que observamos nos dias de hoje e que, de alguma forma, nos acaba por afastar um pouco daquilo que faz parte do que é ser-se humano.

Pessoalmente, por de trás de um Max confuso e depressivo, muitas vezes alienado e, outras tantas, mais consciencializado que qualquer um de nós a respeito do mundo, acabei por me compadecer e sentir afinidade com este personagem que, melhor de que ninguém, encara a sua condição precária tendo-me oferecido a oportunidade de reflectir sobre muitos assuntos e questões que no dia-a-dia são completamente postas de parte.

Jonathan Coe deixa sem dúvida vontade de ler as suas restantes obras e uma impressão bastante positiva quando à sua escrita que é audaz e pertinente. O autor conseguiu transmitir sentimentos controversos e tremendamente humanos que pontuou com um humor incomum e particular através de uma narrativa muito introspectiva em todos os sentidos.
O final do livro é… arrepiante, ousado como eu nunca conceberia imaginar o que, bem vistas as coisas, demonstra apenas mais um dos seus muitos toques de requinte de Coe, irrepreensível.

Este título é uma aposta Dom Quixote que vem juntar-se a outros dois livros já publicados A Chuva Antes de Cair e A Casa do Sono que farei questão de ler. Uma leitura que sugiro a todos os leitores em geral e, em particular, aqueles que procurarem um livro diferente e que permita reflexão. Muito bom.


Título: A Vida Privada de Maxwell Sim
Autor: Jonathan Coe
Género: Ficção, Romance
Editora: Dom Quixote

2 comentários :

Márcia Balsas disse...

Li "A Casa do Sono" e achei fantástico. Tenho para ler "A chuva antes de cair", e este novo lançamento parece que chama por mim...

Elphaba disse...

E eu tenho "A Casa do Sono" para ler e quero ver se na Feira do Livro trago para casa "A Chuva Antes de Cair" :)
Acho que vais gostar deste também Márcia :)

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