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A Elphaba...

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sábado, 14 de julho de 2012

Sinopse:
Alessandra Cecchi tem quase quinze anos quando o pai, um próspero mercador de tecidos, contrata um jovem pintor para pintar um fresco na capela do palazzo da família. Alessandra é uma filha da Renascença, tem uma mente precoce e um temperamento artístico… e rapidamente fica inebriada pelo génio do pintor.
Muitos anos depois, a irmã Lucrezia morre no convento onde passou grande parte da sua vida. Perplexas, as outras freiras observam a estranha serpente tatuada no seu corpo.
É que, antes de entrar para o convento, a irmã Lucrezia era Alessandra. Jovem, bela e inteligente, ela viveu o esplendor e luxo da Florença renascentista, conviveu com os ricos e poderosos, criou, amou, transgrediu... Como foi ela parar àquele convento? O que significa a tatuagem na sua pele? Quais foram afinal as causas da sua morte?

O Nascimento de Vénus transporta, com subtileza, o leitor para a época renascentista, para o momento exacto em que a bela Florença unia a arte à religião como se o todo de ambos fosse a única forma de honrar devidamente o Senhor.
Através de uma abastada, conservadora e, ainda assim, modesta família conhecemos Alessandra. Uma protagonista que da sua meninice à maturidade deslumbra pela sua inteligência brilhante, atendendo às limitações impostas à mulher. Conhecemos a sua amizade pura com Erila, uma rara serva negra, o seu crescimento precoce, preenchido por uma sede imensa de saber, e a sua paixão avassaladora pela arte que, como quase todas as paixões em tempos castos, se revela proibida, perigosa até e, mais ainda, com a chegada de um misterioso e jovem pintor incumbido de retractar a família para a eternidade e dar luz, vida, ao anseio de toda a família pintando a tão desejada capela no palazzo Cecchi.

Só pela intensidade das suas personagens esta é uma narrativa preciosa, por vezes tocante, e outras tantas vezes inspiradora. Mas, como tudo nesta época de fé e beleza, são muitos os conceitos que chegarão ao leitor seduzindo-o para outros tempos sendo a religião, fundamentalmente, o centro de todo o enredo que cresce e ganha contornos avassaladores com as alterações que vai sofrendo enquanto acompanhamos o crescimento dos intervenientes.
Da adoração benigna à devoção extrema, são vários os momentos em que a crença e a sua influência muda o rumo natural da história modificando homens, mortificando mulheres, sem que ninguém esteja a salvo, principalmente, a excelência do artista que se prevê perder a cor. 
Também a sexualidade, e as suas variantes, são questões de debate neste texto que de forma subtil, mas evidente, aborda sem tabus controversas relações, familiares e afectivas, que se vão desenvolvendo e adensando o mistério em torno da vida de Alessandra e do seu fim, anunciado na sinopse.  

A história, no seu todo, é muito credível e a forma como são debatidos os problemas de época e as questões emocionais, juntamente com a religião e a arte são razão mais do que suficiente para conquistar as leitores de romance, mas também os mais curiosos sobre ambos os temas tão proeminentes no século XV.

Sarah Dunant tem talento incontestável para a escrita ao qual junta um grandioso trabalho de pesquisa para tornar papável o seu enredo.
As suas descrições primorosas, minuciosas, transmitem na perfeição o ambiente desenvolvido, da opressão à felicidade, tudo é retratado com esmero, sendo fácil a integração com aqueles que dão alma à história.
É importante frisar ainda que, embora nem sempre o leitor esteja perante momentos agradáveis, como é disso exemplo o drama social desenvolvido a partir da segunda parte do livro – que está dividido em três momentos distintos da vida de Alessandra –, a beleza conferida pela escrita da autora é sempre proeminente e, em momento algum, deixa de ser a base onde é pintado o quadro, ou esculpida a peça, que envolve esta narrativa. Prodigiosa.

Quanto a mim tenho a dizer que este não foi, de todo, um livro fácil. Não foi logo a partir das primeiras páginas que me deixei seduzir mas, no entanto, quando isso aconteceu, tive a sensação arrebatadora de ser transportada para outra época e confesso que adorei.
Penso que o maior entrave, sendo este um pormenor extremamente pessoal, foi a religião que é, tal com a arte, a base da história. São dois temas que conheço, que me atraem de forma muito destintas, mas que pesam o livro e tanto lhe conferem um caracter profundo e encantador, como tornam morosa a leitura com toda a dedicação que lhe é prestada.
Esta não deixou, ainda assim, de ser uma leitura muito enriquecedora a que me arrependo de não ter dado maior atenção logo de início. É um livro que li na minha juventude mas que, certamente, com uma maior maturidade voltarei a reler com  outros olhos e vivências concedendo-lhe um valor ainda maior.

Da Mesma Autora
Esta obra é uma aposta reeditada pela ASA que faz parte de uma trilogia de romances sobre a Renascença, da qual já se encontra publicado o título Corações Sagrados. São livros que podem ser folheados em separado e que, creio, agradarão às leitoras de romances mas também a um público diversificado e curioso pela época.



Corações Sagrados (Opinião)


Título: O Nascimento de Vénus
Autora: Sarah Dunant
Género: Romance
Editora: ASA

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