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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
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domingo, 21 de outubro de 2012

Sinopse:
E se o nosso dia de 24 horas se tornasse mais longo, primeiro em minutos, depois em horas, até o dia se tornar noite e a noite se tornar dia? Que efeito teria este abrandamento no mundo? Nas aves do céu, nas baleias do mar, nos astronautas do espaço e numa rapariga de onze anos, a braços com as mudanças emocionais da sua própria vida?
Uma manhã, Julia e os pais acordam na sua casa nos subúrbios da Califórnia e descobrem, juntamente com o resto do mundo, que o movimento de rotação da Terra está a abrandar visivelmente. A enormidade deste facto está quase para além da compreensão. E, no entanto, ainda que o mundo esteja, na realidade, a aproximar-se do fim, como afirmam alguns, a vida do dia a dia tem de continuar. Julia, que enfrenta a solidão e o desespero de uma adolescência difícil, testemunha o impacto deste fenómeno no mundo, na comunidade, em si própria e na sua família.

São vários os motivos que me levam a desejar o livro de um autor desconhecido, obviamente que a sinopse é um factor fundamental mas se esta for associada a uma capa chamativa e um booktrailer bem construído tenho a certeza, independentemente de tudo o resto, que mais tarde ou mais cedo irei ler esta história. Foi exactamente o que aconteceu com O Tempo dos Milagres.

A perspectiva de que, sem aviso prévio, cadenciadamente, como um sussurro que não quer ser escutado, o mundo pode começar a abrandar as suas rotações é tão aterradora quanto fascinante. Pensem nas consequências, nas reacções, nas alterações sociais que o impacto deste fenómeno poderia causar. Pensem nas vidas, nas mortes e em como a própria religião reagiria. Pensem como esta catástrofe, tímida, lenta, morosamente poderia ser o pior de todos os males e juntem-lhe o início, perturbador, para quem aprende o que é ser-se gente quando se olha o mundo, a girar, a mudar aos 12 anos, na idade em que mudamos e giramos também. Esta é história de Julia e um ensaio perturbador sobre uma pseudo-realidade que mudaria a humanidade.

Os dois pontos fortes da narrativa, ambos influenciados pelo factor tempo, são as alterações descritas a nível social e a nível ambiental sob o ponto de vista de uma protagonista que permite uma exploração interessante, na medida em que a própria está a aprender a viver no mesmo momento em que o mundo reaprende a subsistir devido a expansão de extremos, de contrariedades impensáveis, originadas pelo aumento dos minutos, das horas, dos dias…
As repercussões são chocantes e se o leitor tem a ilusão de que tudo poderá permanecer igual, afinal existe pedaços de mundo que vivem meses sob a luz do Sol ou sob a escuridão da noite, desengane-se, tem mesmo de ler esta história porque a complexidade das movimentações do nosso planeta é algo muito mais elaborado do que aquilo que se possa imaginar.

Colocando de parte as questões relacionadas com o abrandamento, é sempre refrescante ver florescer a meninice com um teor tão longe da banal infantilização, algo que Julia reproduz de forma sensível, primorosa, através da sua adolescência particularmente difícil. As primeiras desilusões, a primeira paixão e a intrincada noção que atingimos do mundo quando percepcionarmos que muito existe para lá do nosso eu é avassaladora e se, fora da nossa esfera de interacção, estivermos perante um realidade sem futuro, em que todos os que deviam apoiar-nos estão à beira do colapso, creio é fácil concordar que a experiência deste texto terá algo único para oferecer.

Embora, num todo, não exista algo de extraordinário neste livro (se colocarmos de parte o facto de o mundo ir acabar), penso que para quem se prende em pormenores são variadas as passagens e os pensamentos, as visões, desta criança que fascinam e enriquecem esta leitura, pelo menos comigo foi assim.

Karen Thompson Walker tem uma escrita fluida e agradável onde permite antever, nas entrelinhas, a sua imensa criatividade aliada a um grande processo de pesquisa para a elaboração desta obra.
Descritivamente positiva nas relações sociais, denota-se o seu cuidado em retratar fielmente o ser humano, ensaiando os seus limites primários desde a sua maior qualidade à sua mais repugnante característica, sob um olhar que vai perdendo a inocência mas nunca o encantamento.
O jogo de palavras entre extremos, entre contrariedades, como por exemplo, um Sol que cega ou uma noite que permite ver às claras, é certamente outra das suas qualidades que me agradou bastante.

De toda a história, pondo de parte algumas pontas soltas de fim previsível, creio que o final foi o que eventualmente me desiludiu mas vejamos, existem cenários que não podem ser alterados, mesmo que a autora o deseje. Fica a satisfação de um caminho que permite uma reflexão após terminada a última página.

Este livro é uma aposta da Civilização que eu sugiro, particularmente, aos leitores de ficção científica leve e ensaios sobre cenários catastróficos onde o homem se revela e o romanticismo enfatiza a vida.

«Parece-me, agora, que o abrandamento desencadeou outras mudanças, menos visíveis de início, mas mais profundas. Desfez certas trajectórias mais subtis: os caminhos das amizades, por exemplo, os caminhos para perto e para longe do amor. Mas quem sou eu para dizer que o curso da minha infância já não estava estabelecido, muito antes do abrandamento? Talvez a minha adolescência fosse apenas uma adolescência normal, algo contundente, vulgarmente contundente.» - Pagina 37

Título: O Tempo dos Milagres
Autora: Karen Thompson Walker
Género: Ficção
Editora: Civilização

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