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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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sexta-feira, 12 de julho de 2013
Sinopse:
Anna Emerson decide quebrar a sua rotina e deixar Chicago para dar aulas numa ilha tropical. Por seu lado, T. J. Callahan só quer voltar a ter uma vida normal após a sua luta contra o cancro. Mas os pais empurram-no para umas num destino exótico. Anna e T. J. estão a sobrevoar as ilhas das Maldivas a bordo de um pequeno avião quando o impensável acontece: o aparelho despenha-se no mar infestado de tubarões. Conseguem chegar a uma ilha deserta. Sãos e salvos, festejam e aguardam, convictos de que serão encontrados em breve. Ao início, preocupam-se apenas com a sobrevivência imediata e imaginam como será contar tamanha aventura aos amigos. Nunca a citadina Anna se imaginou a caçar para comer. T. J. dá por si a lutar com um tubarão e a ser acolhido por simpáticos golfinhos. Os dois jovens descobrem-se timidamente e exploram a ilha. Mas à medida que os dias se transformam em semanas, e depois em meses, as hipóteses de serem salvos são cada vez menores. Ambos têm sonhos por cumprir e vidas por retomar, e é cada vez mais difícil evitar a grande questão: conseguirão um dia sair daquela ilha?

Nem sei como começar a relatar a imensidão e complexidade de sentimentos que guardei comigo após a leitura desta belíssima história, uma história que se compõe das noções mais básica do ser humano e se estende, após reflexão, a questões pertinentes e actuais, alumiando sempre as emoções. 

Só alguém que sente, ou já sentiu, privações primárias conseguirá um dia encontrar uma riqueza especial através das pequenas conquistas e Sozinhos na Ilha, mais que um romance, é singular pela magnífica mensagem que transmite sobre o poder de, tendo tudo ou não tendo nada, se saber amar e ser-se amado, sobre o poder de simplesmente se estar vivo para receber esse sentimento e sobre como as vitórias, mesmo as mais pequenas, são a verdadeira gratificação de se acordar para um novo dia e olhar para alguém da nossa estima, ao nosso lado.

Com uma escrita suave e cadenciada, este livro é-nos narrado intercalando a perspectiva dos seus dois protagonistas, T. J. e Anna, que por um azar extremo, mas perfeitamente credível, acabam por ficar isolados numa ilha deserta perto de Malé, nas Maldivas.
A disparidade das idades entre ambos, aluno e professora, 16 e 30 anos, é o menor dos seus problemas, algo absolutamente inexistente quando está em causa a luta pela sobrevivência, quando está em causa o perigo real de que tudo pode acontecer e a morte passa a ser uma probabilidade tão forte que cada dia é uma das tais pequenas vitórias de que vos falei. Embora ao fim de semanas seja encontrada uma rotina precária mas estável entre estas duas personagens - que depressa criam um laço único que poucos têm oportunidade de conhecer -, as provações sucedem-se, constantemente, no local paradisíaco onde contam os seus dias, onde a vida cresce parca, onde a doença e subnutrição são riscos presentes e onde, principalmente, florescem sentimentos amplificados pelo isolamento e que de outra forma nunca chegariam a existir… um conforto mínimo para o medo extremo.
Mais tarde, 3 anos e meio depois e no decorrer de uma das mais recentes fatalidades da actualidade, a sorte espreita para T. J. e Anna, um par incomum que no seu regresso a casa carrega consigo superação e amor mas, porque vivemos como vivemos, sob estereótipos e preconceitos que mascaram o melhor de nós, este livro recomeça uma nova história com novas lutas, com novas emoções e com uma nova abordagem para este enredo romanceado, credível e extremamente contemporâneo.

Se é verdade que esta narrativa tem por base os seus protagonistas, é certo que depressa alcança todos os leitores que, dificilmente, ficarão indiferentes aos seus dilemas e características, que passam por lugares comuns a todos nós. ´
Anna é uma mulher bela e trato fácil, com os desejos e sonhos que aos trinta muitas mulheres ambicionam e outras tantas se sentem frustradas por não alcançar. Penso que a sua simplicidade, aliada à maturidade já conquistada e ao espírito jovem que ainda mantém, dá a autora uma margem de manobra interessante para a sua caracterização e personalidade. Assim, compreendi-a até mesmo nas escolhas mais difíceis e senti aquela empatia especial, aquela ligação que quem lê procura nas personagens através da possibilidade de realizar as suas opções.
T.J. despertou em mim algo diferente mas igualmente bastante prazeroso, por poder acompanhar o seu crescimento bem conseguido, enquanto que fui assistindo ao desenvolver da sua maturação, à velocidade relâmpago, necessária para conseguir sobreviver a uma nova realidade. Foi um protagonista com o qual sofri um pouco, confesso, principalmente no final, mas que de início soube trazer leveza ao enredo - com as suas pontuações de humor acriançadas e juvenis, repletas de hormonas mas, porque seguimos na perfeição os seus pensamentos, enternecedoras.
A mais de meio da narrativa, quanto esta atinge uma seriedade diferente, existe oportunidade de conhecer novas personagens secundárias, mas estas apenas conheci brevemente devido ao papel que procuram dar a ver, como a representação das massas, logo, embora fundamentais, não houve espaço para criar laços.

Para lá das personagens, sobre as quais me alonguei um pouco porque estas realmente o merecem, os temas abordados do princípio ao fim do texto são imensos e dei por mim agradavelmente surpreendida uma e outra vez.
Como possivelmente já dei a entender, o livro encontra-se dividido em duas partes, uma primeira passada na Ilha e uma segunda quando os protagonistas são resgatados e regressão à civilização. Gostei de ambas, sem distinção, pois nos dois momentos distintos existe espaço para meditação e emoções à flor da pele, enquanto trocemos por um final feliz.

A Ilha é tal e qual como idealizamos todas as ilhas desertas, tão bela quanto perigosa, tão repleta de possibilidades como de limitações, ou seja, um cenário maravilhoso. E embora seja fácil para o leitor imaginar os livros e filmes que inspiraram a autora, é admirável o facto de esta não ter fantasiado em excesso sobre aquilo que é, afinal de contas, uma prisão mortífera, escassa em recursos e capaz de levar à loucura. Quase todos os acontecimentos descritos neste espaço podem realmente acontecer e a forma como eles, em conjunto com a solidão, dão vida à relação do casal principal, algo que cresce ao ritmo certo, são um dos pontos fortes desta história.

No mundo real, na segunda parte do livro, é tudo muito diferente mas, por incrível que pareça, igualmente selvagem e com necessidade de ser igualmente cuidado para sobreviver - falo-vos em grande parte da relação de T. J. e Anna. Não vos posso contar muito sobre o que acontece ao longo das páginas, pois não vos quero retirar o prazer de descobrirem vocês mesmos, mas digo-vos apenas que idealizações e conceitos alheios, a possível necessidade de recuperar o tempo que, embora único, foi perdido e a forma como a nossa sociedade está trilhada para conceber juízos de valor é assustadora e pode muitas vezes ser, infelizmente, o que impede muitos de nós de sermos felizes. Ainda bem que a autora soube equilibrar a balança, realçando o bem, ou este livro poderia tornar-se triste

Para lá de tudo o que já citei, este texto é riquíssimo em pormenores e, acreditem, poderia escrever mais mil palavras sobre as suas curiosidades (sim, já escrevi mil palavras), que não seriam suficientes para partilhar tudo o que desejo convosco. Desta feita serei breve, mas por ser importante não posso deixar de referir o espaço temporal que autora adoptou para desenvolver os momentos passados na Ilha, entre 2001 e 2004, duas datas marcantes na actualidade por razões catastróficas e que foram, brilhantemente, conciliadas com a história para lhe dar criatividade e pontuações interessantes. Esta é apenas uma, e provavelmente a mais evidente, entre muitas outras curiosidades que encontrarão e que, após reflexão, a tornarão única…

Em suma, este é um dos melhores livros que li este ano pela sua capacidade de entretenimento aliada a uma profundidade como poucas vezes tenho o prazer de encontrar. Ideal para quem procura descontrair e igualmente perfeito para quem procura mais do que um romance comum.

Tracey Garvis Graves tem uma escrita simples e aprazível, que procura produzir laços com o leitor criando empatia com as suas personagens e cenários e, ao mesmo tempo, fazê-lo pensar e gerar uma opinião própria sobre o que está a ler, colocando-se no lugar dos intervenientes.
As suas descrições são breves mas lindíssimas, existindo assim uma noção perfeita do que está acontecer de forma precisa e realista. Somos espectros das suas palavras.
Esta autora é ainda bastante inteligente na medida em que transformou uma narrativa que poderia ser banal em algo peculiar, abrilhantando-a quando assim era devido e chocando, atemorizando, quando a verdade não poderia ser descrita de outra forma.

Penso que ficou claro o quanto gostei do livro e de que fiquei fã desta autora. E estou, agora, desejosa de ver esta história no ecrã.

Uma fantástica aposta da ASA para o verão mas que, certamente, aquecerá o coração dos leitores em qualquer altura do ano. Recomendo, sugiro e aconselho sem qualquer tipo de restrição.

Título: Sozinhos na Ilha
Autora: Tracey Garvis Graves
Género: Romance
Editora: ASA

2 comentários :

Neptuno_avista disse...

Fiquei mesmo admirada pela profundidade e complexidade que esse livro tem, apesar de se basear ou se parecer com histórias que já vimos ou lemos. E fiquei curiosa... Tenho de ver se o encontro :)
Beijinho

Elphaba disse...

Olá Neptuno :D
Desculpa a demora a repsonder, tenho andado sem tempo nenhum.
É verdade, este livro tem uma profundidade imensa mas se, por outro lado, optares por ler como apenas mais umas páginas de entretenimento vais retirar igualmente prazer, é uma das coisas boas que tem.

Sim, é uma história que não é novidade para ninguém mas não é banal, acredita!

Espero que o encontres ;)
Beijinho & Boa leitura*

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