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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Sinopse:
Quatro mulheres juntam-se com os seus maridos para uma semana paradisíaca na Jamaica, em pleno mar das Caraíbas. O motivo da reunião é o aniversário de Dwight, um amigo dos tempos da faculdade, que de rapazinho tímido e inseguro se transformou num empresário rico e bem-sucedido.
Todas elas anseiam fugir temporariamente às suas vidas. Tina sente o peso e o cansaço de ser mãe de quatro crianças pequenas. Allie está abalada pela notícia de que uma doença genética degenerativa é comum na sua família. Savannah carrega o segredo da infidelidade do marido. Finalmente, Pauline, a mulher que não olha a despesas para organizar ao seu marido rico aquela festa inesquecível, esconde segredos de Dwight, e espera, com esta semana, reparar as falhas no casamento de ambos.
O que começa por ser uma semana idílica, com lânguidas horas passadas numa praia privada, jantares gourmet, aventuras radicais e noites de paixão, transforma-se em algo mais profundo com a chegada de uma poderosa tempestade que acaba por atingir a ilha. Redemoinhos tumultuosos atingem este grupo, forçando cada uma das mulheres a reavaliar tudo o que sabe sobre os seus amigos, e sobre si própria, sobre o amor e sobre a paixão.

Talvez por ter colocado poucas expectativas na leitura de Dias de Paixão esta relevou-se surpreendentemente gratificante. Sarah Pekkanen, mais do que falar-nos de amor e desamor, aborda múltiplas questões pertinentes da vida quotidiana que vão de encontro a sentimentos e problemáticas em que leitor se reconhece, da mesma forma, é particularmente minuciosa ao expor relações afectivas de uma forma credível e entusiasmante, com uma pitada de paixão e drama.

Três casais, uma amiga, uma fuga a rotinas exasperantes, uma mão cheia de segredos e um cenário paradisíaco, são a base deste enredo, preenchido de ponderações comuns, que foi para mim admirável, nas suas reviravoltas, por me oferecer um final pouco fabulado mas com o qual me identifico.

Tal como elucida a sinopse, Pauline resolve dar de prenda de anos ao seu esposo, Dwight, um aniversário diferente do que seria habitual, atendendo ao seu estatuto social, convidando os seus colegas de faculdade que ela mal conhece – e de que por força do destino o seu marido se afastou –, para umas gratuitas férias inesquecíveis. No entanto, muito tempo passou e as três colegas de Dwight, Savannah, Allie e Tina, vivem agora momentos sensíveis, dramáticos até, com a chegada da meia-idade e a procura de estabilidade e, rapidamente, aquilo que seria uma semana de sonho e absoluta descontracção começa a revelar-se uma teia complexa no que respeita a afectos e ponderações existenciais, com tudo o que era certo a desequilibrar-se podendo mudar irremediavelmente as suas vidas.

Sendo as personagens secundárias da história relativamente irrelevantes, aquelas que se destacam e dividem o protagonismo são muitas e heterogéneas, com uma intensidade e complexidade desarmantes. Ainda assim, mais do que falar sobre a personalidade de cada um em particular, creio que é crucial analisar brevemente o papel que representam e que serve de identificador durante a narração.  
Analisando-os enquanto grupo, a primeira diferenciação que autora evidencia tem que ver com o género – homem e mulher –, havendo uma crítica implícita nos dois núcleos que se formam e na forma como estabelecem ligações enquanto pares e opostos, algo visível mesmo antes das férias começarem no modo como gerem os seus dias.
Enquanto indivíduos, por outro lado, é a ligação ao passado que os une, ou divide, são os traços singulares de cada um que estabelecem os seus comportamentos, independentemente das suas reais personalidades, existindo desta forma momentos de grande tensão durante o extravasar de emoções, numas férias que acabam por se revelar uma tentativa de voltar atrás no tempo quando tal já não é possível.  

Um dos pormenores em que se verifica particular cuidado, por parte de Sarah Pekkanen, está directamente relacionado com o contributo que atribuiu a cada personagem para o texto, desta forma temos Pauline, “a injustiçada”, como a figura que mais trabalhou para tudo o que os outros estão a viver mas que, por outro lado, está excluída da acção central – algo que acontece naturalmente pelo seu passado, os seus segredos e falta de distanciamento que, ao contrário dos restantes, não consegue criar mesmo no ambiente isolado que estão a viver –, Allie é o seu oposto. Permitindo a abordagem a doenças genéticas e a forma como a perspectiva das mesmas altera a postura do sujeito, Allie não só é crucial no equilíbrio das amizades como também permite uma análise mais profunda das mutações que sofre no curto espaço de tempo desta história.
Adorei a personagem Tina, mãe de quatro filhos e à beira da depressão. Para ela esta pausa é crucial mas aquilo que deveria ser rejuvenescedor acaba por se tornar um impulso para uma reflexão complexa sobre a sua vida e os seus limites. O seu par é o mais machista do grupo e no entanto, possivelmente, um dos melhores enquanto marido. Enterneci-me com ela. E por fim Savannah. Esta mulher poderá ser muitas vezes incompreendida pelo leitor e está a passar por uma fase emocional complicada, como alguém que se apresenta sem par ela destaca-se desequilibrando a sintonia que deveria prevalecer sobre todos.

Em relação aos homens, intrinsecamente ligados às protagonistas, eles contribuem para tudo o que citei anteriormente, bem como para todas as outras questões que vão sendo espelhadas durante a leitura. Diferenças socioculturais, dramas da meia-idade, mentira, traição, momentos de loucura, o poder da escolha e as muitas ponderações que todos, por sua vez, vão fazendo. As emoções estão muitas vezes à flor da pele e as recordações têm aqui um papel que pode ser transformador, convertendo sonhos em pesadelos e ampliando pequenos gestos.


Em suma, este não é um romance comum apesar da sua contemporaneidade devido à falta de fabulação e às verdades implícitas no seu final, desta feita, creio que muitos leitores poderão não se rever no texto porque a linha que separa a ficção da veracidade é demasiado ténue. É importante referir que este livro não tem uma sensualidade explícita, mas sim subentendida, ou seja, existe flirt e sabemos quando actos sexuais acontecem, mas é dada relevância aos seus efeitos e não ao acto em si.
Considerei que esta é uma narrativa feita, e sobre, possibilidades e que, mais do que entreter-me, me fez reflectir em relação a escolhas, à amizade, às relações e às emoções de cada um dos intervenientes - todos, sem excepção, em determinado momento, serão amados e odiados pelos leitor.

Quando à escrita de Sarah Pekkanen não há muito que possa dizer-vos. Acessível e agradável, esta é uma autora que descreve os ambientes de uma forma atractiva e que se esmera na criação das suas personagens, destacando as emoções e oferecendo momentos de requinte com os quais a maioria de nós pode apenas fantasiar.

Esta foi uma leitura que me deu imenso prazer, oferecida pela Topseller, que eu recomendo sem qualquer restrição aos fãs de romance contemporâneo. Fiquei curiosa para ler mais obras desta autora.


Título: Dias de Paixão
Autora: Sarah Pekkanen
Género: Romance Contemporâneo
Editora: Topseller


2 comentários :

Angélica disse...

Uma opinião profunda e inteligente, de quem ama as palavras lidas. Parabéns!

Elphaba disse...

Obrigado Angélica, obrigado pela sua apreciação e por ter vindo comentar - permitiu-me rever dois erros de ortografia que encontrei *.*
Acho que fui um pouco analítica demais a escrever, mas acredite que gostei muito da história. E sim, amo, amo intensamente as palavras.

Boas leituras.

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