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A Elphaba...

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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Sinopse:
En un turbulento siglo XII, Leola, campesina adolescente, desnuda a un guerrero muerto en un campo de batalla y se viste con sus ropas de hierro, para protegerse bajo un disfraz viril. Así comienza el vertiginoso y emocionante relato de su vida, una peripecia existencial que no es sólo la de Leola sino también la nuestra, porque esta novela de aventuras con ingredientes fantásticos nos está hablando en realidad del mundo actual y de lo que todos somos.
Historia del Rey Transparente es un insólito viaje a una Edad Media desconocida que se huele y se siente sobre la piel, es una fábula que conmueve por su grandeza épica, es uno de esos libros que no se leen, sino que se viven. Original y poderosa, la novela de Rosa Montero tiene esa fuerza desbordante de los libros llamados a convertirse en clásicos.

Não vos vou mentir, se fosse eu escolher uma leitura em espanhol provavelmente teria escolhido um autor não publicado em português – podem encontrar este título publicado pela ASA em 2008 – mas tendo em conta que foi uma leitura obrigatória, para a faculdade, estou extremamente satisfeita por ter conseguido aliar prazer ao fim didáctico.
Mesclando de forma subtil o género fantástico a um forte ambiente medieval, Rosa Montero construiu uma narrativa de aventura épica dedicada à mulher, à religião mas, principalmente, à essência da humanidade, revelando o seu melhor e o seu pior intemporalmente com contornos históricos verídicos.

Tal como relata a sinopse, a história é centrada em Leola, uma jovem camponesa que durante um período de guerra vê ser-lhe levada a família e o seu noivo, restando-lhe, para sobreviver, roubar a armadura a um cavaleiro morto em batalha e fazer-se passar por um homem. A partir deste ponto inicial as peripécias sucedem-se, com várias personagens a passarem a integrar o universo da protagonista, por um maior ou menor período de tempo, com algumas delas permanecendo quase desde o começo e tão ou mais marcantes que Leola  são elas Nyneve e Dhoudaduas mulheres estranhas, distintas e envolvidas em misticismo –, e permanecendo até ao final da leitura.

Enquanto personagem, à parte de todas as outras, Leola acaba por ter uma vida que vai muito além do que sonhou mas que jamais se atreveria a desejar. Dos combates ao amor, passando por damas peculiares e reis loucos, ela escreve, narra na primeira pessoa todos os episódios com uma carga emocional forte, algo que é predestinado logo no início da história e repetido no final. «Soy mujer y escribo. Soy plebeya y sé leer. Nací sierva y soy libre.» - páginas 11 e 689
Embora não tenha sido o meu interveniente favorito, devido aos altos e baixos do seu carácter e personalidade, consegui compreender Leola na medida em que esta foi obrigada a modificar-se intimamente durante a sua jornada, muitas vezes guiada por sentimentos em detrimento da razão. No entanto, o seu crescimento constante e evolução soberba – graças a outras personagens – levaram-na a um rumo impossível de criticar alcançando a desejável empatia por qualquer protagonista.

Porque sou adoradora de fantasia, gostei particularmente de Nyneve e da nebula misteriosa que a envolve até ao seu último momento entre páginas. Quiçá uma bruxa, quiçá uma fada ou apenas uma mulher como tantas outras, ela é plena de força e sabedoria, bondade e intelecto, transmitindo um nirvana só alcançável por quem já viu tudo o que havia para ver e se cansou de olhar num mundo de cegos. Ela é igualmente a guia da protagonista, que supostamente a salva na floresta durante o princípio da sua fuga e por quem posteriormente se sente responsável. Mãe, amiga, companheira, é difícil definir o seu papel, sendo unicamente clara a sua relevância no enredo e a ponte que estabelece com o fantástico.

Igualmente importante é a duquesa Dhouda, Dama Branca ou Dama Negra dependendo do ponto do texto em que nos encontramos. Estranha nos gestos e atitudes, com probabilidade de tender tanto para o bem como para o mal e com acesso a uma realidade que vai além da aventura épica, esta personagem pode ser considerada a vilã mas não creio que seja possível odiá-la completamente. Na minha perspectiva está associada às cenas mais hediondas da narrativa – estamos no século XII, existem vários momentos chocantes –, mas também aos cenários de maior ostentação, como a corte.

As três mulheres que citei anteriormente, são a cara do livro e o passe para uma reflexão mais profundada em relação à sua condição, mas não estão sós. Acompanhadas de diversas personagens secundárias, creio que merecem destaque o Frei Angélico, Gastón, um estudioso das Ciências e filósofo, e León  embora sejam muitos mais aqueles que marcam e pontuam a narrativa de momentos brilhantes. No entanto, os homens referidos, criam o laço forte com a religião, com a alquimia e com amor, três questões debatidas e fortemente exploradas.

Uma das temáticas abordadas que mais me agradou tem que ver com a alusão às lendas arturianas e à própria Avalon, aqui encarada como uma terra prometida e benigna, provavelmente irreal, que traria a paz e o refúgio aos momentos difíceis que o mundo descrito ultrapassava. Embora este local mítico apareça de forma ligeira, com citações e comentários disperços, sua relevância no destino das personagens é extraordinária e se, como eu, leram As Brumas de Avalon, será algo que irá prender a vossa atenção – Rei Artur, Camelot e o próprio Merlin são destacados.

O contexto histórico é também atractivo devido à forma como é exposta a sociedade medieval, ficando claras as discrepâncias entre a nobreza e os camponeses. Os segundos fortemente influenciados por um fanatismo religioso e superstições impensáveis nos nossos dias. Também interessante é a passagem de Leola pela corte da Rainha Leonor e a análise da autora desta corte em particular, bem como ao monarca Ricardo Coração de Leão. Ainda no respeita à religião, Rosa Montero introduz temas tão pertinentes como Os Cátaros e a Cruzada dos Inocentes, assim como todas as outras questões relacionadas com este momento importante na tomada de posição da inquisição.  


Enfim, o livro é realmente bastante abrangente, minucioso até, na forma como envolve o leitor nestes tempos distantes e em relação a problemáticas tão desiguais, proporcionando uma verdadeira viagem que só peca, na minha opinião, por alguns momentos demasiado descritivos, algo que por outro lado se torna irrelevante dadas as imensas curiosidades que poderão encontrar – como por exemplo, homossexualidade.

Quanto à escrita de Rosa Montero, não fiquei propriamente fã mas também não desgostei. Fluidez e simplicidade não são, definitivamente, sinónimos das suas palavras, no entanto as descrições são maravilhosas e todo o ambiente é dado a ver na perfeição – tudo depende se o leitor procura algo leve ou mais complexo.
O ponto menos positivo do livro é, possivelmente, a carga introspectiva da protagonista, algo que eu associei à sua procura interna por elevação de espírito, de conhecimento.

Voltarei certamente a ler Rosa Montero mas, possivelmente, num outro registo, pois tenho o seu livro Lágrimas da Chuva, editado pela Porto Editora, para ler. Para finalizar, esta é uma história que recomendo a quem gosta de aventuras épicas, romance e fantasia, pois são estes os três géneros que se misturam ao longo do texto. 


Título: Historia del Rey Transparente
Autora: Rosa Montero
Género: Ficção Histórica; Romance; Aventura

Editora: Punto de Lectura

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