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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sinopse:
Aria viveu toda a vida no Casulo protegido de Reverie. Este era o seu mundo e nunca pensou sobre o que estaria para lá das fronteiras. Mas, quando a mãe desaparece, Aria vê-se confrontada a sair para o exterior para a procurar, e a sobrevivência no deserto o tempo suficiente para a encontrar parece impossível. Então Aria encontra um estranho chamado Perry. Ele também está à procura de alguém. Mas é um Externo, um Selvagem, contudo é a única pessoa capaz de a manter viva na travessia do deserto.
E se conseguirem sobreviver serão a esperança um do outro para encontrar respostas às perguntas que vão surgindo à medida que se vão conhecendo.


Imaginem um mundo em que a concretização dos sonhos está à distância de um pensamento, um mundo em que a ilusão supera a realidade, um mundo onde a imperfeição está longe do olhar comum numa sociedade que vê sem ver…
Imaginem um mundo onde a capacidade de dominar o básico define a sobrevivência, um mundo onde se existe com um mínimo capaz de marcar a diferença, um mundo onde as comunidade têm o extraordinário e, mesmo assim, não têm nada…
Dois universos distintos, uma terra partilhada e um pesadelo comum são a base de um enredo de ficção científica e aventura que se transforma numa magnífica história de amor, um enredo que vai de encontro aos novos fãs de distopias e de todos aqueles que buscam sem cessar algo novo em cada leitura. 

Não sabia o que esperar ao certo de Sob o Céu Que Não Existe, uma história que já me tinha despertado a atenção muito antes de ser publicada no nosso país, mas tendo em conta que rapidamente me deixei fascinar pelas suas singularidades, que fui constantemente surpreendida e que fiquei totalmente presa à acção desenvolvida, o resultado final não poderia ter sido mais satisfatório.

Veronica Rossi decidiu apostar em algo novo e atractivo pelas contrariedades e dicotomias que concretiza, algo que associado a personagens com uma capacidade de evolução inesperada e a uma forte carga emocional, pelos laços afectivos que se vão desenvolvendo, resulta na perfeição.

Como a sinopse tão bem explícita, sob a perspectiva feminina do enredo, a nossa protagonista Aria vê-se obrigada a afastar-se de tudo o que sempre conheceu para se iniciar numa parte do mundo que lhe é estranha, que está mitificada e que por isso é absolutamente aterradora, um lugar onde caso sobreviva lhe resta como única alternativa procurar a sua mãe desaparecida. Logo no início desta sua nova jornada depara-se com um Selvagem, Perry, que não sendo alguém que vê pela primeira vez, devido a uma acção desenvolvida anteriormente, é igualmente assustador pelos seus modos rudes e a falta de civismo que apresenta.
Perry, por sua vez, comete um erro que lhe custa o que de mais precioso tem na sua vida de servidão ao Lorde Sargento da sua tribo, o seu irmão Vale, perdendo o seu sobrinho Talon para as Toupeiras que vivem num Casulo próximo do seu território. Obrigado a abandonar a comunidade que ambiciona para si em busca da jovem vida perdida, acaba por encontrar uma Aria terrificada mas que lhe poderá servir como meio para um mundo que desconhece mas de que necessita, se quiser voltar a recuperar o seu estimado familiar.
Juntos, os protagonistas iniciam então uma demanda, repleta de perigos, desconhecimento e desconfiança, baseada na necessidade de sobrevivência, que promete ao longo de inúmeras reviravoltas mostrar um universo maravilhoso adaptado a uma realidade Sob o Céu Que Não Existe.

Confusos? Acredito que sim, pois para mim é complicado falar desta história repleta de pequenas singularidades extraordinárias, elementos estranhos e conceitos que necessitam de uma explicação para que o leitor perceba a sua dimensão, mas como é normal vou começar por falar das personagens e tentar que os esclarecimentos fluam assertivos doravante.
Como intervenientes principais temos Aria, considerada uma Toupeira por ter nascido e crescido num Casulo protegida do mundo, e Perry denominado Externo, um Selvagem, por viver fora dos Casulos e sem o conhecimento adquirido com evolução tecnológica, a que a sociedade “civilizada” tem acesso. Nenhuma destas personagens é perfeita e nas primeiras cem páginas são manifestados em demasia os traços enraizados que caracterizam os modos de vida distintos de ambos, mas ao longo do texto é maravilhoso ver os receios darem lugar ao oposto, através do amaciar da dureza de Perry, calejado pelo destino, e o despertar de Aria, obrigada a adaptar-se e abrir-se para um mundo sem o supérfluo, o luxo e as garantias que sempre teve como certas. Na verdade, tornam-se mesmo protagonistas muito atractivos que o leitor conhecerá de uma forma profunda, estimando e desenvolvendo tanto empatia como afectividade.

Quanto a intervenientes secundários, são muitos e variados, mas creio que merecem destaque Rugido e Cinder, também eles Externos que o leitor conhece durante a demanda do casal já apresentado. Ambos têm características peculiares e passados pertinentes, abrilhantando o enredo e dando profundidade à narrativa pela sua intervenção em momentos chave. Gosto particularmente de Cinder pelo mistério que o envolve graças aos seus atributos raros, quanto a Rugido poderia ser o herói da trama, ainda que o papel de melhor amigo lhe assente na perfeição.

Como citei anteriormente, os pormenores são mais que muitos pelo que vou começar por vos falar do mundo Exterior aos Casulos, aquele que estará presente ao leitor por mais tempo. Esta realidade é a mais comum e remonta a uma época quase medieval, sem qualquer tipo de elegância e regida apenas pelo básico. Caça, conquistas territoriais e tribos são palavras constantes e é-nos permitido saber como funciona este sistema através de Perry, que pertencente à Tribo dos Águas liderada por Vale, dos Croven, uma tribo assustadora de canibais e, excepção à regra, de Marron, o líder da comunidade de Delfos – esta última está a par do que acontece nos Casulos, utiliza tecnologia e prima por uma excentricidade luxuriante em que o leitor poderá encontrar cenários referentes às várias épocas que marcaram a evolução da nossa História. 

O outro mundo apresentado é o mundo dos Reinos que subsiste totalmente dentro dos Casulos. É uma espécie de sistema que se sustenta com base naquilo que associamos a uma realidade-virtual, onde a ficção científica é rainha para criar a ilusão de perfeição aos seus habitantes, que graças a Olhos Inteligentes vivem em espaços alternativos fictícios à distância de um pensamento. Todo o terreno fora dos Casulos é considerado a Loja da Morte pelos Toupeiras, pois é-lhes incutido desde cedo que este é um espaço onde se pode morrer de mil formas diferentes – estamos, portanto, perante uma sociedade distópica e oprimida.

Ambos os mundos que citei anteriormente são atormentados pela Aether, algo parecido com uma alteração electromagnética que ocorre na nossa atmosfera e que está a modificar os humanos que sobrevivem na Loja da Morte, sendo Aether o rosto de um Céu Que Não Existe e que se manisfesta com tempestades violentas que destroem tudo à sua passagem. Quando às alterações provocadas nos humanos por esta energia surreal, bem... digamos que está potencializar capacidades, como por exemplo, a amplificar os cinco sentidos – são poderes muito interessantes.

Em suma, o ambiente é pós-apocalíptico, a trama é repleta de acção, momentos de tensão e aventura e as personagens evoluem magnificamente para abrir a porta ao romance, que acaba protagonizado de forma enternecedora no final. As singularidades e as informações disponibilizadas são imensas, mas nem por isso confusas, ao longo de um texto que se desenvolve de forma atractiva e repleta de contrastes, onde a FC está presente, ora de forma intensa, ora de forma discreta - o que nos permite sentir as discrepantes emoções vividas pelos intervenientes. Ou seja, um livro de grande qualidade, que se adapta tanto a um público mais jovem como a um leitor mais maduro, pelo seu espírito inovador.

Quanto à escrita, esta é simples e fluida uma vez que Veronica Rossi foi inteligente ao contar a história sob a perspectiva de ambos os protagonistas, com capítulos intercalados, o que nos permite ir adquirindo conhecimento e criando laços de forma cadenciada e no tempo certo.
Um livro que poderia ser demasiado descritivo acaba por se tornar obsessivo, na medida em que desejamos saber tanto mais quanto aqueles que folheamos, o que por sua vez nos aproxima muito das personagens.
Este é, definitivamente, um início auspicioso daquela que é uma série de sucesso além-fronteiras e quem acabará por conquistar até os mais reticentes porque cá e que eu quero, efectivamente, acompanhar.

Pessoalmente, penso que ficou claro o quanto gostei deste livro e desejo continuar a ler os restantes já publicados, no original Through the Ever Night e Into the Still Blue, complementados por duas short stories, Brooke e Roar and Liv, dedicadas a personagens secundárias que conhecemos neste primeiro livro.
Espero, sinceramente, que esta história venha a alcançar tudo aquilo que merece, pois conseguiu surpreender-me por diversas vezes, principalmente com o seu final capaz de me fazer suspirar – quero mais – assim como espero, igualmente, não ter cometido muitos spoilers na tentativa de vos explicar o que trata o livro.

Esta é uma obra publicada pela editora Planeta Manuscrito que eu sugiro sem qualquer tipo de restrição aos leitores de ficção científica e/ou distopias, num ambiente com personagens jovens mas nem por isso imaturas.


Título: Sob o Céu Que Não Existe
Autora: Veronica Rossi
Género: Romance; Distopia; Ficção Científica; Young Adult


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