Pesquisar Histórias:

A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
Fascinada por outros mundos e uma eterna sonhadora, assim eu sou.

Aviso:
Este Blogue e todos os textos escritos podem conter Spoilers!

Contacto:

Blog Archive

Com tecnologia do Blogger.

O Que Escrevo...

Seguidores

Próximas Opiniões...

Acasos Felizes
Um Mar de Rosas
Euro Pesadelo: Quem Comeu a Classe Média?
Pivot Point
Kafka Para Sobrecarregados
Amores contados
Maligna
A Revolta
A Marca das Runas
Un mundo feliz
Filha da Magia
Frankenstein
As Cinquenta Sombras Livre

Blogues Com Histórias...

domingo, 20 de julho de 2014

Sinopse:
A família Sinclair parece perfeita. Ninguém falha, levanta a voz ou cai no ridículo. Os Sinclair são atléticos, atraentes e felizes. A sua fortuna é antiga. Os seus verões são passados numa ilha privada, onde se reúnem todos os anos sem exceção.
É sob o encantamento da ilha que Cadence, a mais jovem herdeira da fortuna familiar, comete um erro: apaixona-se desesperadamente. Cadence é brilhante, mas secretamente frágil e atormentada. Gat é determinado, mas abertamente impetuoso e inconveniente. A relação de ambos põe em causa as rígidas normas do clã. E isso simplesmente não pode acontecer.
Os Sinclair parecem ter tudo. E têm, de facto. Têm segredos. Escondem tragédias. Vivem mentiras. E a maior de todas as mentiras é tão intolerável que não pode ser revelada. Nem mesmo a si.

Com um único e primeiro olhar, esta foi daquelas histórias especiais que apelou ao meu sexto sentido literário com a certeza de que me iria agradar. Não me enganei. Adorei.

Estou encantada com a forma como este enredo se desenvolveu, iludindo-me, e com a sua intensidade, crescente, naturalmente simples e ao mesmo tempo trabalhada com uma complexidade requintada.
Quando Éramos Mentirosos é um título que nos abraça pela plenitude dos seus significados, sinais que se multiplicam com o percorrer das páginas alertando-nos, enquanto nos cega, para os incontáveis pontos fulcrais que tornam dúbias as interpretações de cada leitor, prendendo-o, cativando-o e permitindo que este escolha por si mesmo tanto o olhar como o sentimento que no final guardará na lembrança sobre esta história.

A clarividência de E. Lockhart permite que a partir do primeiro capítulo se preveja exactamente tudo o que se irá encontrar nesta narrativa e que, incrivelmente, estejamos a ser absolutamente ludibriados.
Como elucida a sinopse, tudo nesta história gira em torno da família Sinclair, ou quase tudo. Esta é um exemplo perfeito de moral e bons costumes, de beleza e tradição que deve passar de forma incontornável para os seus descendentes, em particular para a herdeira Cadence. Ambição, sucesso e ilusão, honra, respeito e ilusão, equilíbrio, amor e ilusão. Está tudo presente neste clã, têm tudo, têm os Mentirosos e não têm nada.
E isto é o que precisam saber sobre a abordagem à família neste livro, isto e que os seus Verões são extraordinários e inesquecíveis.

Explorando ao máximo o potencial dos seus intervenientes – em particular os principais, jovens e ingénuos, os que com inocência crêem poder vir a mudar o mundo –, estes são apresentados de forma directa e breve numa primeira análise, análise essa que se vai modificando em pequenos gestos, afectos e atitudes até ao final da obra.
Num outro patamar, conhecemos e somos conquistados pelos Mentirosos, uma trupe que interliga o leitor a todos os outros e que os distancia de tudo o resto, uma trupe que nos faz desejar saber mais sobre o futuro de uma ilha, de várias casas e, obviamente, da família Sinclair. Poderia falar durante horas de Mirren, Johnny e Gat mas nunca me aproximaria do que verdadeiramente significam para Cadence. São quatro destinos que juntos transbordam laços, experiências e aventuras, emoções que sentem mais do que se lêem, um todo que poderia traduzir-se na própria protagonista e que vai muito além da palavra amor.

Não sei se é justo chamar-lhe heroína mas é indiscutivelmente obrigatório citá-la, mesmo sob risco de spoiler. Cadence, Cadence, Cadence, loucura e fragilidade, paixão avassaladora e rebeldia, quiçá generosidade, quiçá amizade, ou até egoísmo ou até demasiada intensidade. Ela é assustadora, é uma criança passado e presente que com palavras maravilhosamente assertivas e curiosas nos mantém presos ao seu futuro.
Tem um cariz dramático, como tudo o que lhe pertence, e uma aura de impossibilidades infinitas que a caracteriza, que nos faz temê-la e adorá-la. Não sei se em algum momento a considerei cobarde quando, efectivamente, ela é mais do que uma amiga, é uma irmã e alma gémea para os que deu a conhecer.


Considerei Beechwood Island e a sua disposição especialmente atractivos, com o mapa que acompanha o livro e a árvore genealógica da família a funcionarem como apêndices perfeitos. Este é um lugar idílico e que transparece a sensação de mundo à parte, algo que passa pelas próprias vidas ficcionais que vêem este local como um refugio privado, quase secreto, não permitindo que a sua magia toque a realidade demasiado cruel – esta história é sobre a realidade e não é. Talvez por tudo isto seja cativante assistir ao cair da máscara que, como referi anteriormente, começa nas primeiras linhas e termina na última página.

Ao contrário dos floreados, pormenores e caprichos que pontuam história, o discurso apresentado é muito directo, cru e nem sempre respeita regras de ortografia – acredito que tal aconteça porque todas as regras são quebradas durante a acção.
Gostei muito do primor da escrita de E. Lockhart, de como muitas vezes as suas frases lindíssimas pareciam demasiado breves para transcrever a simplicidade, para se apresentarem totalmente preenchidas de sentido, de importância, recorrendo a metáforas que brincavam com a leitura, que deixavam o caminho aberto para a imaginação de quem lê.
É uma autora extremamente inteligente que soube conduzir prodigiosamente esta narrativa sem nunca mostrar o seu fim, sem nunca deixar de me fazer ansiar por tudo o que temi vir a acontecer.

Pessoalmente, eu senti muitas dificuldades em falar deste livro, e que livro e que final – mereceu sem dúvida alguma a minha lágrima. Passei as suas páginas a conter as emoções, esperando o que sabia certo e gritando a mim mesma para calar a minha voz interior que desejava encontrar a mentira, a previsível mentira. (Convido-vos a descobrir mais sobre esta história no tumblr oficial, aqui.)
Enfim, ficou claro que não consigo escrever uma opinião coerente de histórias que terminam assim, histórias que merecem ser partilhadas em tertúlias por todos os que a leram entre uma guerra perfeita de visões desiguais. Uma certeza, estou desejosa de ler mais obras desta autora.

Esta é uma excelente aposta da ASA para este verão para leitores de todas as idades. E, apesar de só poder falar por mim, este é indiscutivelmente um dos livros que marcará esta estação. Recomendo sem restrições.


Título: Quando Éramos Mentirosos
Autora: E. Lockhart
Género: Romance; Young Adult
Editora: ASA


0 comentários :

Redes Sociais

WOOK - www.wook.pt