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A Elphaba...

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domingo, 25 de janeiro de 2015

Sinopse:
PORTUGAL. 1892. Na sequência do Ultimato inglês e da crise económica na Europa e em Portugal, os governos sucedem-se, os grupos republicanos e anarquistas crescem em número e importância e em Portugal já se vislumbra a decadência da nobreza e o fim da monarquia.
Os ingleses que permanecem em Portugal não são amados.
O visconde Silva Andrade está falido, em resultado de maus investimentos em África e no Brasil, e necessita com urgência de casar a sua filha, para garantir o investimento na sua fábrica.
Uma história empolgante que nos transporta para Portugal na transição do século XIX para o século XX numa descrição recheada de momentos históricos e encadeada com as emoções e a vida de uma família orgulhosamente portuguesa.

São raras as vezes em que decido provar as palavras de um autor português e quando o faço, confesso, é gratificante sentir a singular alma lusitana. Carla M. Soares consegue transmiti-la na perfeição.
Com vocabulário e emoções tão nossas, O Cavalheiro Inglês é um retrato do Portugal de outrora onde o leitor se irá rever, num contexto social e político, é uma história de amor e de pessoas que se procuram num país perdido e que, num eterno ciclo à deriva, se encontram nas suas pequenas convicções.

Com um começo morno que prometia tudo o que encontrei páginas mais tarde, esta é a narrativa de uma família portuguesa à beira da falência após o Ultimato Inglês mas, mais importante, é a narrativa de um jovem descrente nas suas raízes e que busca, incerto, novas razões para lutar, é a narrativa de uma filha educada para casar e representar o seu nobre papel, que irá romper com as conveniências, e, também, a narrativa de um inglês, misterioso, que tocará o berço da sociedade e ao qual nenhum Silva de Andrade conseguirá ficar indiferente. Esta é uma narrativa de duques, condes e viscondes, de Sebastião, Sofia e Robert, é uma narrativa que poderia estar por detrás do passado de qualquer um de nós.

Embora se trate claramente de um romance, a ribalta do enredo é dividida entre a história de uma época controversa que ainda hoje espelha a nação e personagens fortes, bem construídas e com uma agradável evolução ao longo de todo o texto.
Sofia, a protagonista, apresenta-se como a menina mimada que foi criada para ser até ao dia em que se vê confrontada com um noivado indesejado que pode salvar a sua família. Daí por diante, aguçando a sua curiosidade e escapando do mundo cego e protegido em que sempre viveu, cresce consideravelmente até ao seu culminar, como mulher madura, próxima como nunca ousou de um cavalheiro inglês. Sebastião, o seu irmão, por outro lado, é marcado por uma teimosia constante, é fruto da decadência crescente que atingiu monarquia elitista e que se rebelou na necessidade de agir, por vezes de forma inconsequente, para fazer frente à impotência. E Robert, por último, é o prometido anunciado no título, um homem rico de vários rostos, convicto no seu querer e inteligente para chegar onde deseja por todos os meios que tem ao seu dispor. Não são, de todo, personagens perfeitas e imaculadas, são bastante humanas nas suas qualidades e defeitos, conseguido tocar e despertar diversas emoções no leitor.

Existem ainda diversas personagens secundárias interessantes que, para além de influenciarem o rumo da trama no habitual jogo entre intervenientes, introduzem temáticas importantes, são disso exemplo Amélia, o duque de Almoster, Fernanda e os próprios viscondes Silva de Andrade.

Como frisei anteriormente, o retrato e a contextualização histórica de época é apresentado com elevado esmero, existindo a apresentação da situação política e dos factores que levaram à revolta popular que antecedeu a queda da monarquia; paralelamente, Lisboa está representada com uma beleza e mapeamento encantadores, deixando claras as discrepâncias sociais e os hábitos comuns, as modas e a miséria a que os diferentes estratos estavam expostos perante a recente lucidez de Sofia.


Igualmente clara foi a preocupação, por parte da autora, em mostrar várias das muitas problemáticas que abundavam na nobreza representada, indivíduos maioritariamente alimentados pelo nome e imagem, submetidos a casamentos por conveniência, movendo-se com restrições e dotados de uma falta de visão para com o mundo circundante, vergados sob o peso económico e social imposto que, agradavelmente, foi muitas vezes abordado por intervenientes secundários, visionários no seu tempo.

Eu já conhecia a escrita de Carla M. Soares e tinha expectativas quanto às maravilhosas palavras que iria encontrar, não me desiludi. São notáveis os melhoramentos relativamente à minha anterior leitura, quer na forma como desenvolve com naturalidade o enredo, quer na caracterização das suas personagens. É, efectivamente, uma autora em ascensção.

Esta é uma posta Marcador, na sua colecção de livros RTP, que aposta assertivamente em talentos nacionais. Uma história que recomendo aos amantes de romance de época, com uma base história.


Título: O Cavalheiro Inglês
Autora: Carla M. Soares
Género: Romance de Época; Histórico
Editora: Marcador





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