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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
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terça-feira, 10 de março de 2015

Sinopse:
Num dia de outono de 1686, a jovem Nella Oortman, recém-casada com um próspero mercador de Amesterdão, Johannes Brandt, chega à cidade na expetativa da vida esplendorosa que este casamento auspicioso lhe promete. Mas, entre a amabilidade distante do marido e a presença repressiva da cunhada, Nella sente-se sufocar na sua nova existência.
Até que um dia, Johannes lhe oferece uma réplica perfeita, em miniatura, da casa onde vivem. Nella encomenda então a um miniaturista algumas peças para ornamentar a casa. Mas algo de surpreendente acontece: novas encomendas de miniaturas continuam a chegar sem terem sido solicitadas, como presságios silenciosos de futuras tragédias.

Se o amor é cultivado, o meu por O Miniaturista tem início numa longa troca de olhares há muito tempo atrás, aquando a sua publicação no original. Posteriormente, a sua capa e título foram sementes adubadas por uma sinopse, também ela intrigante, e nos últimos dias, confesso-vos, fiquei absolutamente fascinada pelo seu enredo e escrita sublimes; fui embalada numa viagem no tempo.

Narrando a história de uma jovem que sonhou com um casamento apaixonado, Jessie Burton conta-nos as suas mágoas e dúvidas num primeiro contacto com o novo mundo, mostrando-nos as fragilidades dos intocáveis através da construção de personagens imensas, idealizadas para surpreender e dar a ver muito além da primeira impressão, muito além de uma aparentemente, crescente, crua realidade holandesa do século XVII.

Quando Nella se tornou esposa de um próspero mercador estava muito distante de prever as reservas do seu futuro, a hostilidade da sua cunhada e o vazio de uma casa que não lhe seria permitida governar. Foi um começo efectivamente pressagiado e sem pertença, foi a antevisão de um destino que viria a ser moldado por uma luxuriosa casa de bonecas e pela obsessão, pela buscas de respostas que viriam a fazer desta protagonista uma mulher.
Nella é uma personagem que se transcende na sua evolução, na sua passagem pela inocência, na sua descoberta do ser humano e, definitivamente, na desilusão da sua existência.

Johanne é uma incógnita, ora equilibrando a balança ora provocando um furacão capaz de desmoronar todo o universo ficcional. Ele é o par inesperado, apaixonado pela vida mas muito distante de partilhar as paixões da sua mulher. Não o considerei fraco, nem todo sensato, ele é apenas o bode expiatório, o invejado, é aquele que os cegos não querem ver entre as suas paredes, é o isco e o perigo de quem ousa ser, alguém que nem sempre se compreende mas que envolve o leitor cadenciadamente.

Marin, por sua vez, foi uma verdadeira surpresa até ao final e, até para lá deste, contraditória. Irmã de Johannes e cunhada de uma jovem, ela é dois rostos com uma só entidade, é a figura ficcional mais fácil de odiar e a que certamente poderá deixar mais saudades. Como ela, o miniaturista é um segredo bem guardado que nos questiona na sua antevisão, é alguém que quase parece preocupar-se e que brinca com o tempo. Existem ainda Toot, Cornelia e tantos outros a marcar o compasso do texto, um texto que se faz em grande parte das suas vidas, reflexos perfeitos de uma época e emocionalmente evolventes.

Não foi por acaso de optei por falar tanto dos intervenientes em prejuízo da história, estes são de forma efectiva as marionetas de um teatro que nos conta, veloz, o escoar de um tempo tão putrefacto como brilhante – não começasse o enredo com um funeral.
Este é um livro sensitivo e, por consequência, muitas vezes angustiante e alarmante. Na mesma medida em que nos oferecer pistas, ilude-nos e joga com acontecimentos bem reais e tocantes, que nos revelam um ciclo contínuo, social e o humano, a que todos de uma forma ou de outra estamos subjugados.


Não vou falar das problemáticas tratadas em concreto, dado que muitas destas são spoilers, mas que fique clara a posição forte da Igreja e a sua influência no povo, bem como o retrato de uma cidade atravessada por canais, regida com mão firme em condutas restringidas e as lutas mais privadas, disfarçadas, por poder e sem clemência em nome da fé. Era um tempo de tentações recém-descobertas, anos de privações e sussurros pela importância da imagem.

Quanto à escrita, Jessie Burton tem claramente o dom da palavra, subtil e profunda em diferentes dimensões, com uma condução natural para o desconhecido que arrepia e desperta o desejo de saber um pouco mais. Gostei, principalmente, da forma como orientou o enredo mantendo a expectativa constante, despindo falsas esperanças enquanto as manteve acesas em modo brando. A senhora é muito boa.

Eu adorei esta aposta Editorial Presença, é uma obra cinco estrelas que se junta ao pequeno de grupo maravilhoso que possuo dentro do género histórico e que destaco sem qualquer restrição a todos os adeptos desta ficção literária.

Título: O Miniaturista
Autora: Jessie Burton
Género: Romance Histórico
Editora: Editorial Presença

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2 comentários :

Jose disse...

Cada vez que leio uma opinião sobre este livro a minha vontade de lê-lo aumenta ainda mais :D

Elphaba disse...

Tenho a certeza que não te vais arrepender quando o fizeres José, é fantástico mesmo!

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