Pesquisar Histórias:

A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
Fascinada por outros mundos e uma eterna sonhadora, assim eu sou.

Aviso:
Este Blogue e todos os textos escritos podem conter Spoilers!

Contacto:

Blog Archive

Com tecnologia do Blogger.

O Que Escrevo...

Seguidores

Próximas Opiniões...

Acasos Felizes
Um Mar de Rosas
Euro Pesadelo: Quem Comeu a Classe Média?
Pivot Point
Kafka Para Sobrecarregados
Amores contados
Maligna
A Revolta
A Marca das Runas
Un mundo feliz
Filha da Magia
Frankenstein
As Cinquenta Sombras Livre

Blogues Com Histórias...

terça-feira, 2 de junho de 2015

Sinopse:
Todos os dias, Rachel apanha o comboio...
No caminho para o trabalho, ela observa sempre as mesmas casas durante a sua viagem. Numa das casas ela observa sempre o mesmo casal, ao qual ela atribui nomes e vidas imaginárias. Aos olhos de Rachel, o casal tem uma vida perfeita, quase igual à que ela perdeu recentemente.
Até que um dia...
Rachel assiste a algo errado com o casal... É uma imagem rápida, mas suficiente para a deixar perturbada. Não querendo guardar segredo do que viu, Rachel fala com a polícia. A partir daqui, ela torna-se parte integrante de uma sucessão vertiginosa de acontecimentos, afetando as vidas de todos os envolvidos.

É realmente fácil perceber o sucesso desta história, o seu ritmo que embala e abraça o leitor nesta viagem complexa pela mente humana, a três vozes, com três destinos paralelos que não se vêem, desfocados nos seus percursos diferentes que nos prendem à narrativa de A Rapariga no Comboio.

Paula Hawkins deu largas à sua imaginação e fez-me mergulhar profundamente na sua ficção, com o desejo de saber até onde levaria a sua rapariga presa aos carris de um transporte comum, presa entre o seu passado e presente, presa entre estações, enquanto tece palavras e pensamentos ilusórios, mas fortes, que tornam esta obra viciante na busca pela coerência e junção de factos deste thriller psicológico que, também em terras lusas, promete conquistar leitores. A sua escrita, algumas vezes complexa e outras tantas vezes tão natural, é quase encantatória, com o nível certo de suspense e mistério que nos impulsiona sempre para o próximo capítulo.

Rachel, Megan Anna, são três mulheres diferentes e com universos singulares que, passo a passo, em momentos temporais próximos, nos contam os seus segredos mais íntimos e expõem as suas emoções mais cruas. São três rastilhos dissonantes que se vão envolvendo e enlaçando rumo a um desfecho quase óbvio mas cego na sua resolução, um desfecho construído de sentimentos, convicções, atitudes e acções contraditórias que estão longe de revelar tudo o que o leitor anseia por descobrir.

Não é difícil sentir as personagens desta história, a intensidade dos seus seres, das suas mentes, é, isso sim, complicado compreende-las e aceitá-las nas múltiplas imperfeições que as levaram aos diversos momentos em que se encontram durante a leitura. Não são lineares, não são retratos com os quais se crie empatia imediata, mas talvez seja na desigualdade, pontuada de semelhanças, de proximidade, que quem lê acabe por se encontrar.
Comecemos pela Rachel. Ela é uma mulher madura, divorciada e, embora tenha uma rotina, não tem rumo ou estabilidade  oposição que considerei interessante. Rachel é alcoólica e, apesar das suas muitas batalhas internas, esta foi a única com a qual eu entrei em conflito, pois acredito que só quem já viveu e conviveu com um alcoólico vai perceber o quão incompreensível, até para si mesma, esta mulher pode ser. Simultaneamente, ela é a chave para Megan e Anna, muito além das fantasias que vai criando sobre a existência actual destas duas personagens.
Quanto a Megan, também ela é indecifrável numa primeira análise e pode causar sentimentos ainda mais ambíguos do que a personagem que nomeei anteriormente. Por incrível que pareça, é no momento em que esta se começa a revelar que se logra a si mesma, que se torna ainda mais confusa. Ela é uma dona de casa, sem rotina e com movimentações estranhas, que se torna o grande mistério do enredo e a razão que vos fará folheá-lo sofregamente. Por fim, Anna é de uma simplicidade quase neutra quando comparada com as restantes narradoras, e com menos protagonismo, mas consegue surpreender pela evolução que atinge, bem como pela forma como vai agindo quando confrontada com determinadas situações, e por isso merece também atenção.

Com tantas narradoras, o leque de intervenientes secundários é extenso mas, mais que comentá-lo, creio que vale a pena centrar-me das temáticas que apresentam juntamente com as protagonistas.
Já citei o alcoolismo, um vício que se encontra exposto no texto com muitas das suas ramificações evidentes. É uma droga, em todos os sentidos, a única que mata quando retirada bruscamente e que, efectivamente, pode levar a que se cometam loucuras, extravagancias, pode levar a depressões profundas e provoca muitas vezes o esquecimento. A memória, a sua perda ou o seu peso, é por sua vez a problemática que mais me cativou… aliás, tudo o que envolve a mente fascina-me e a forma como psicológico dos intervenientes é trabalhado, nas relações afectivas, principalmente, foi para mim o ponto mais forte do enredo.
Conflitos internos, medos e incertezas quanto a determinadas decisões e o peso das mesmas, são questões que atingem todos aqueles que falham, que entram em delírio nesta obra que poderá causar estranheza e fascínio em simultâneo, enquanto surgem revelações cada vez mais inesperadas.

Sinceramente, não sei que mais posso contar-vos sem fazer spoiler, sem vos retirar as expectativas daquele que promete ser um dos lançamentos literários do ano. A minha sugestão? Esvaziem a mente de estereótipos, recordem-se do quão retorcido, generoso e surpreendente o ser humano pode ser, em todos os sentidos, e abracem estas mulheres nas suas incoerências. Não precisam de as aceitar, mas tentem compreendê-las e às suas motivações, lembrando-se de que cada individuo é único, age e sente de forma singular e que, mesmo que recalcado, algo delas pode ser próximo de vocês. Afinal, nunca sabemos o quanto daquilo que vemos, para lá da nossa janela, é aquilo que realmente aparenta ser. Certo?

Uma aposta Topseller que tive o prazer de ler em primeira mão e que sugiro a todos os leitores que gostem do género, thriller psicológico, disponível já a partir de dia 5 de Junho.

Título: A Rapariga no Comboio
Autora: Paula Hawkins
Género: Thriller
Editora: Topseller



0 comentários :

Redes Sociais

WOOK - www.wook.pt